Não sei por onde começar. Acho que quando estamos, realmente, apaixonados é assim mesmo: não conseguimos escrever uma simples carta sem exagerar na quantidade do sentimento e nos adjetivos que empregamos à pessoa amada.
Acho que é como a sensação que tive ao ver o mar pela primeira vez: primeiro vem o cheiro; a brisa que refresca; o gosto de sal na boca, e então, o êxtase. Ver aquela imensidão azul sem fim, e poder sentir o prazer da água tocando a pele. A excitação dos apaixonados é, basicamente, isso. Essa é a sensação que me vem a cabeça toda as vezes que penso em você ou quando posso tocar seus corpos.
Lembro-me de quando te vi e tive o prazer do primeiro contato, ainda na infância. Lembro bem da cor escarlate que trazia no corpo. Emoldurando perfeitamente toas as suas curva e silhueta. Tornando o que tinha por dentro ainda mais lindo e perfeito, misturado com o precioso corpo que vinha por fora.
Foi bobagem minha - menino aquela época - imaginar que tal apresentação, cheia de elegância e formosura, não iria me ligar a você pelo resto de nossas vidas.Mesmo que essa não fosse sua real intenção.
Eu continuo a reviver a sensação da primeira vez na praia, mas agora cativo prisioneiro de seus encantos. Eu que hoje, não mais menino, sei dizer não a outros encantos, mesmo quando o corpo diz que sim. Só não resisto aos seus. Sem pudor você me leva aos teus seios e me amamenta, de tal forma que o teu leito se torna meu meu sangue, e eu sou vampiro.
Quantas vezes me levou a prazeres que nunca imaginei sentir? E não tenho vergonha alguma de dizer aos quatro ventos, para quem for, que eu sou teu e você me dá prazer, mesmo não sendo exclusivamente minha. Sei mais do que ninguém que se deita com outras e outros quando quer. Apesar de tudo, nunca será prostituta de seus próprios desejos. Você é o desejo incessante deles e, meu.
Nossa relação é anormal, hexagonal e paradoxal.
Quando não estiver mais aqui, sei que continuará a dar prazer a outros. E ao contrário do que possam pensar, isso é o que me faz ver sentido em tudo o que ficar.
Queria me ater em te dizer que és aquela que sempre quis em minhas mãos, mas como previ, a paixão desenfreada nos deixa inconsistentes. E se todas essas palavras não cumprirem a missão para o qual realmente foram escritas, quero te dizer, abertamente, que te amo, Literatura.
OMG!! Como eu não conhecia esse blog ainda???
ResponderExcluirSimplesmente incrível, você conseguiu captar essa relação com perfeição, parabéns!
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